quarta-feira, 19 de maio de 2010


Estratégia - Canal e Modalidades

O Sporting vive hoje um período que obriga a redefinição da sua estratégia global. Está à vista de todos que os modelos institucionais seguidos, a concentração de poderes em poucos projectos desportivos, designadamente futebol, andebol e futsal e a dispersão por uma série de modalidades que não tem carácter mediático, não tiveram os resultados previstos.

De facto, alienar de um clube eclético como o Sporting modalidades como o Basquetebol, o Hóquei e o Voleibol, entre outras, deveria ter conduzido a um fortalecimento das modalidades restantes, com reflexos no número de títulos, o que, infelizmente não se verificou.

Basta ver os números. No futebol já não se ganha o campeonato desde 2002, no andebol ganhamos a divisão de elite em 2006, mas a principal competição, onde se encontram as principais equipas, já não ganhamos desde 2001, e no futsal já não se ganha o campeonato desde 2006. O que se passa então?

A meu ver temos que reconverter este modelo, de modo a tornarmo-nos novamente o clube mais eclético português e assim consolidar a massa adepta, a qual se encontra orfã de modalidades e nas poucas que tem não vê os tão aguardados títulos.

Para tal são necessárias três questões fundamentais:

1) Pavilhão Sporting
2) Reabilitação do Basket, Vólei e Hóquei
3) Canal Sporting

1) O pavilhão é de facto estruturante. Neste momento já foi concluída a fase de participação preventiva do plano na CM Lisboa. Esperamos agora que avance o quanto antes e que seja de facto um espaço polivalente e com uma boa capacidade, que permita a reabilitação das modalidades, entretanto hibernadas, e a convivência eficiente entre todas elas, de modo a garantir uma ocupação permanente com jogos oficiais durante o fim-de-semana, tornando-se assim o espaço agregador dos sócios e adeptos leoninos. (o Fórum SCP tem um excelente tópico sobre o assunto, de onde foi retirada a foto deste post)

2) A reabilitação das modalidades atrás referidas é, a meu ver, crítica para se conseguir um fortalecimento do apoio ao clube e simultaneamente para garantir uma presença mais assídua nos media, estando estas duas questões, obviamente, ligadas. É claro que a pergunta impõe-se: há orçamento para isso tudo? Provavelmente não, mas são precisamente essas as opções que temos de avaliar. Quando se eliminaram modalidades foi no pressuposto que se melhoraria a competitividade das que restaram, claro está, com melhores orçamentos. Mas o objectivo foi conseguido? Claramente, não! Não seria assim mais interessante repartir custos por mais modalidades, dando mais enfoque à formação, atingindo assim os objectivos mais macro de agregação dos sócios, em vez de investir tudo em poucas modalidades com os resultados dúbios que se conhecem? Particularmente acho que sim, e as modalidades que entendo serem prioritárias são, em termos de pavilhão, o Andebol, Futsal, Basket, Vólei e Hóquei e, extra-pavilhão, o Atletismo e a Natação. É claro que todas as outras têm espaço para sobreviverem, mas entendo estas serem as prioritárias e que devem merecer especial atenção dos nossos dirigentes.

3) Finalmente a cereja no topo do bolo, o canal Sporting, Sporting TV, ou lá como lhe queiram chamar. É o terceiro vector desta estratégia, mas que claramente fecha o círculo virtuoso composto pelas duas anteriores e que inclusive pode ser gerador de receitas para o seu financiamento. Com um canal Sporting, que pudesse transmitir alguns jogos das modalidades, bem como das camadas jovens do futebol, teria um enorme impacto no universo sportinguista e seria certamente um canal muito apetecível para os operadores, dada a concorrência que actualmente existe ao nível dos conteúdos, e para os publicitários, atendendo ao público-alvo que os sportinguistas representam, uma vez que, em média, se concentram mais nas zonas urbanas.

Se analisarmos bem estes três projectos, e tendo em conta que o pavilhão será construído com as verbas resultantes do acordo celebrado com a CM Lisboa, estamos perante projectos que não terão um forte impacto nas contas do clube mas que definitivamente farão toda a diferença no entusiasmo dos sportinguistas, o qual, por sua vez, gerará futuramente as receitas necessárias à sua sustentabilidade.


Sem comentários:

Enviar um comentário