segunda-feira, 7 de junho de 2010


O Crucificado

Li hoje no "O JOGO" uma notícia acerca da possibilidade do Rui Patrício sair do Sporting caso seja contratado um novo guarda-redes para ser titular. É, no mínimo, engraçado.

É claro que não me deixo babar por estas notícias do suposto interesse de grandes clubes no Rui Patrício. Observado? Grande coisa. Se calhar até eu já fui observado. Agora, avaliação? Alguém sabe? Muito diferente....

Mas enfim, já estamos habituados a estas notícias que apenas tentam despertar ainda mais sentimentos de angústia nos já tão angustiados sportinguistas relativamente à sua baliza. Sim, porque das piores coisas que se pode fazer a um adepto é ver um jogador que não foi nada no seu clube a ser bom noutro. E os sportinguistas morrem de medo disto... E estas notícias vivem disso!

Mas voltando ao Rui Patrício, acho que ele não foi propriamente "nada" no Sporting. OK, não é um Damas, um Bento ou um Vítor Baía, mas será assim tão mau ao ponto de prescindirmos dele? Acho que não. E se repararem os últimos guarda-redes do Sporting têm uma característica em comum que os distingue da concorrência, característica essa muito bem promovida pelos jornais desportivos, que é o facto de terem o seu fantasma pessoal.

Ricardo tinha o Vítor Báia. Rui Patrício tem o Stojkovic. E o Vítor Baía quando iniciou a carreira tinha que fantasma? Mlynarzick? Pois, mas não era bem um fantasma, pois não? É que por muito pouco evidente que pareça, é extremamanete diferente ter um fantasma na sombra ou um protector como foi o caso do Mlynarzick. A confiança é totalmente diferente. E depois, quantas vezes jogou o Baía com o Polga à sua frente? Aloísio... lembram-se? Faz toda a diferença... Vejam o ano do Baía em Barcelona, com Abelardos e afins à sua frente... Passado um ano estava de volta...

A minha opinião é que não sendo o Rui Patrício um fenómeno não é, seguramente, tão mau como querem fazer crer. A verdade é que Portugal está orfão de bons guarda-redes e o Rui Patrício é o natural guarda-redes da selecção do futuro.

Não estou contra a contratação de um guarda-redes veterano com provas dadas, desde que isso não implique a saída do Rui Patrício, até porque acho que esse eventual guarda-redes pode ser aquilo que o Rui Patrício nunca teve no Sporting, uma referência, um formador.

Aliás, se o Rui Patrício sair estou em crer que passado pouco tempo regressará a Portugal para um outro grande. A escassez é grande e a procura é muita. E depois há outra questão, para o Sporting, mesmo que venha um veterano com provas dadas, passado 1/2 anos quem fica? Quem sucede? Outro veterano? E a comparação com o efeito Schmeichel vale o que vale... É que além do efeito Shcmeichel houve o efeito Acosta e o o efeito André Cruz...

Por fim, a questão muitas vezes badalada da rodagem por outros clubes mais pequenos para mim é um bluff. Lembram-se do Bruno Vale? O Bruno Vale, quando apareceu na idade de júnior, era considerado o futuro guarda-redes da selecção. Alto, elástico, escola do FCP. O FCP colocou-o a rodar por clubes mais pequenos. Hoje já tem 27 anos e acabou de descer de divisão com o Belenenses...

Temo pois que o Rui Patrício seja o injusto crucificado desta história, não por ele, mas pelo Sporting.


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